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Coração jovem sob ameaça: hipertensão atinge nível recorde entre pessoas de 18 a 24 anos

A hipertensão é uma doença silenciosa que afeta órgãos vitais e está entre as principais causas de complicações cardiovasculares. Um estudo do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), vinculado ao Ministério da Saúde, revela que pessoas com 60 anos ou mais apresentam maior propensão a desenvolver hipertensão arterial. No entanto, os dados mais recentes chamam a atenção para um novo cenário: em 2023, foi registrada a maior prevalência da doença entre jovens de 18 a 24 anos em toda a série histórica da pesquisa.

Esse panorama reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce em todas as faixas etárias. “Embora tradicionalmente associada a pessoas mais velhas, a hipertensão tem se tornado cada vez mais frequente entre os jovens, devido a questões relacionadas ao estilo de vida, como má alimentação, sedentarismo, estresse, sono de má qualidade e aumento da carga de trabalho, por exemplo”, explica o cardiologista Pablo Germano, professor da Faculdade de Medicina de Açailândia (IDOMED Fameac).

Além disso, informações da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgadas também em 2023, estimam que cerca de 30% da população adulta brasileira viva com hipertensão — o maior índice desde 2006. O levantamento mostra ainda que a prevalência é maior entre as mulheres nas capitais brasileiras, com 29,3% dos diagnósticos, enquanto os homens correspondem a 26,4%.

A hipertensão arterial é caracterizada pelo enrijecimento das paredes das artérias — um processo lento, que, na maioria das vezes, se desenvolve sem apresentar sintomas até estágios mais avançados da doença. Segundo o cardiologista, diversos fatores podem contribuir para o surgimento do quadro. “É essencial controlar o consumo de sal. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de, no máximo, 5 gramas por dia. O excesso, aliado ao consumo de gorduras e ao sedentarismo, favorece a obesidade, que está diretamente ligada à hipertensão. Perder cerca de 5% do peso corporal pode reduzir a pressão arterial em até 30%”, explica.

Essa condição é considerada sistêmica, ou seja, pode comprometer diferentes órgãos. No coração, por exemplo, pode provocar aumento do tamanho do órgão (hipertrofia) e, posteriormente, levar ao enfraquecimento dessa musculatura, resultando em insuficiência cardíaca. Além disso, a doença é considerada o principal fator de risco para infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e insuficiência renal, que pode inclusive evoluir até o ponto da necessidade de hemodiálise.

“Essa é uma doença silenciosa, muitas vezes sem sintomas. Quando aparecem, os sinais podem incluir dores de cabeça, mal-estar e zumbido no ouvido, o que pode significar que a pressão já está muito elevada”, explica Pablo.

O especialista alerta que, além do estilo de vida, há fatores genéticos envolvidos. Ter histórico familiar, especialmente entre parentes de primeiro grau, aumenta o risco. Ainda assim, hábitos saudáveis ajudam no controle: alimentação equilibrada, sono reparador, prática regular de atividade física (ao menos 150 minutos por semana) e redução do estresse.

Para evitar complicações mais graves, o médico também indica a realização de consultas médicas regulares, fundamentais mesmo para quem se sente saudável. Jovens devem fazer exames a cada três anos, e pessoas acima dos 40 anos, anualmente.